Até 2016, 80% da Baía de Guanabara vai ser despoluída, diz Carlos Minc

Segundo o secretário do Ambiente, população deve ter educação ambiental.
Cidade assumiu compromisso de reduzir a poluição até os Jogos Olímpicos.

© Sally Fitzgibbons http://instagram.com/sally_fitz

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De tão limpas, as águas da Baía de Guanabara, um dos cartões-postais do Rio, serviam de refúgio até para as baleias. Atualmente, ela recebe toneladas de lixo e rios de esgoto sem tratamento deságuam nela. A cidade assumiu o compromisso de reduzir em 80% a poluição no local até os Jogos Olímpicos de 2016.

Palco das provas de iatismo, as águas da baía dão trabalho redobrado para os atletas. “A gente sempre veleja no meio do lixo flutuante e acontece de ele prender no barco. Quando prende, você imediatamente atrasa, perde velocidade, perde regata, vira e, às vezes, não consegue seguir”, diz o velejador Thomas Lowbeer.

O biólogo Mário Moscatelli destaca que os sacos plásticos são a maior parte do lixo que chega à baía, mas é possível encontrar televisão, cadeira e sofá. Muitos dos resíduos prejudicam a fauna marinha. “Se você abrir o estômago desses animais, você vai encontrar de tudo o que eles não poderiam comer. Tudo o que a gente joga na Baía de Guanabara potencialmente vai parar no estômago de algum animal”, aponta.

As redes do pescador Luís Cláudio Correia muitas vezes não são usadas para pegar peixes. “A gente procura recolher o lixo para limpar um pouco, porque é muita sujeira, muita garrafa, muito peixe morto”, diz ele, que já encontrou até carcaça de geladeira e cachorro morto boiando nas águas da baía.

Segundo o governo do estado, a Refinaria Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é a maior poluidora individual, lançando 48 milhões de litros de esgoto industrial por dia. Mas um acordo firmado no ano passado com a Secretaria Estadual do Ambiente começa a dar resultados. A companhia está concluindo a instalação de equipamentos que permitirão, a partir de agosto, reduzir em 60% o lançamento do esgoto. Até o momento, foram gastos R$ 450 milhões do orçamento de R$ 1 bilhão a ser investido até 2017.

O secretário do Ambiente, Carlos Minc, afirma que o estado vai conseguir cumprir a meta olímpica, mas ressalta que é preciso a colaboração de todos. “Hoje, os municípios não coletam lixo e não apoiam as cooperativas de catadores. Os rios são a lata de lixo, e tudo o que cai nos rios do entorno vai cair na Baía. Temos que mudar a educação ambiental do povo”, destaca.

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Edição do dia 30/05/2013
Globo News

2 ideias sobre “Até 2016, 80% da Baía de Guanabara vai ser despoluída, diz Carlos Minc

  1. Parabéns pelos comentários Camaz. Você talvez seja uma das pessoas que mais entendem do assunto poluição da Baia de Guanabara (vc e a Jane Mauro talvez).Sua tese de mestrado sobre o assunto o qualifica a tal e é importante esclarecer a realidade dos fatos. A REDUC não despeja 48 milhões de litros de esgoto industrial por dia mas sim resíduos industriais tratados e de acordo com a legislação vigente. Prova disso é o trabalho de acompanhamento que a UFF faz há 13 anos no Rio Iguaçu onde fica provado que a qualidade do rio é melhor depois de receber os efluentes da REDUC do que antes de chegar ao ponto de lançamento.

  2. Está é uma notícia que deveria ter um mínimo de base técnica e de pesquisa antes de sua publicação para o público. Explico:
    1. Entre as fontes potenciais de poluição contam-se 14 000 estabelecimentos industriais, quatorze terminais marítimos de carga e descarga de produtos oleosos, dois portos comerciais, diversos estaleiros, duas refinarias de petróleo, mais de mil postos de combustíveis e uma intrincada rede de transporte de matérias-primas, combustíveis e produtos industrializados permeando zonas urbanas altamente congestionadas.
    são cerca de 400 grandes indústrias, somente no seu entorno, entre elas a refinaria Duque de Caxias e o polo petroquímico de Caxias responsáveis pelo lançamento de quantidades expressivas de poluentes na Baía de Guanabara e bem como os rios da sua bacia hidrográfica. Volume de efluentes (despejado) estimado:
    _ 400 toneladas de esgoto doméstico (85 %);
    _ 64 toneladas de resíduos orgânicos industriais (13 %);
    _ 7 toneladas de óleo (1,5%);
    _ 300 quilos de metais pesados como: chumbo, mercúrio e etc (0,5 %).

    2. A bacia que drena para a Baía de Guanabara tem uma superfície de 4 000 km², integrada pelos municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo, Nilópolis, São Gonçalo, Magé, Guapimirim, Itaboraí, Tanguá e partes dos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu, Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito e Petrópolis, a maioria localizada na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Esta região abriga cerca de dez milhões de habitantes, o equivalente a 80 por cento da população do estado do Rio de Janeiro e apresentou, nas últimas décadas, a maior taxa de crescimento do País. Mais de 2/3 dessa população, 7,6 milhões de habitantes, habitam na bacia da Baía de Guanabara.
    3. Aterros e assoreamento existiram diversos problemas devido a obras nos rios que desaguam na Baia de Guanabara, na década de 70 alguma tocadas pelo antigo departamento Nacional de Obras de saneamento (DNOS), entre outras que potencializaram este problema. Ela é a receptora final de todos os efluentes líquidos gerados nas suas margens e nas bacias dos 55 rios e riachos que a alimentam. Inclusive, transportando resíduos (lixo) dos municípios das baixadas de são Gonçalo e fluminense onde é precária a coleta pública. E, os rios viram seu meio de transporte e/ou destinação.
    4. Bem como a perda de seus manguezais, aproximadamente 70 % da cobertura vegetal. A destruição desta formação vegetal causa a redução da capacidade de reprodução de diversas espécies de vida aquática e intensifica o processo de assoreamento que, ao longo do tempo, resulta na progressiva redução de profundidade da Baía.
    5. Apesar disso a Baia de Guanabra possui espécies botânicas, zoológicas e ictiológicas. Entre as espécies que habitam ou procuram a baía de Guanabara para se alimentar ou se reproduzir, destacam-se: Golfinhos, Tartarugas-marinhas, Bagres, Paratis, Sardinhas, Tainhas, robalos, camarão, entre outras. também já foi até o século XVIII, rota migratória das baleias francas que buscavam as suas águas quentes para procriar, no inverno austral.
    Faz se necessário que os órgãos públicos em todas as esferas (municipal, estadual e federal), além dos órgãos ambientais e universidades se integrem em um projeto que de forma técnica e séria se integrem para resolver este conjunto de problemas de saneamento básico (90 % dos problemas) entre outros.
    Portanto, colocações midiáticas como a do biólogo Mário Moscatelli que os sacos plásticos são a maior parte do problema; ou do secretário do Ambiente, Carlos Minc que a refinária Duque de Caxias é a maior poluidora da Baia de Guanabara, etc.
    Por tudo isso é fundamental que a mídia séria fiscalize e procure fundamentar suas matérias de forma técnica e profissional. Para que o povo não precise ir para as ruas, como agora, para pedir saneamento básico, junto com redução nas passagens, saúde, entre outros.
    Atenciosamente,
    Fernando Camaz

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