Relatório da UCLA incita novo esforço de política global para enfrentar a crise do lixo plástico nos oceanos

Porto da Barra, Salvador, Bahia. © Bernardo Mussi de Almeida

Porto da Barra, Salvador, Bahia. © Bernardo Mussi de Almeida

Por Lauri Gavel
UCLA School of Law
29 de outubro de 2013
Traduzido por Natalie Andreoli, Global Garbage Brasil

O lixo plástico é um dos problemas mais importantes que os ambientes marinhos do mundo enfrentam. No entanto, na ausência de uma estratégia global coordenada, um número estimado de 20 milhões de toneladas de lixo plástico entra no oceano a cada ano.

Um novo relatório de autores do Centro Emmett da Faculdade de Direito da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA – University of California, Los Angeles, School of Law’s Emmett Center) sobre Mudanças Climáticas e Meio Ambiente e do Instituto de Meio Ambiente e Sustentabilidade da UCLA (UCLA’s Institute of the Environment and Sustainability) explora as origens e os impactos do lixo marinho plástico e oferece recomendações de políticas nacionais e internacionais para lidar com esses problemas crescentes – uma abordagem direcionada, multifacetada que visa proteger a vida selvagem oceânica, as águas costeiras, as economias costeiras e a saúde humana.

“Deter a Maré de Lixo Marinho Plástico: Uma Agenda de Ação Global” (“Stemming the Tide of Plastic Marine Litter: A Global Action Agenda“), o mais recente resumo do Centro Emmett publicado no Pritzker Environmental Law and Policy Brief (“Resumos de Política e Direito Ambiental Pritzer”, em português), documenta os efeitos devastadores do lixo marinho plástico, detalhando como o plástico forma uma grande parte do nosso fluxo de resíduos e, normalmente, não biodegrada ​​em ambientes marinhos. O lixo marinho plástico tem uma ampla gama de impactos ambientais e econômicos adversos, desde a morte de animais selvagens e recifes de corais degradados até bilhões de dólares em custos de limpeza, danos a embarcações marítimas e perda de receitas no turismo e na pesca. O resumo descreve a inadequação de mecanismos jurídicos internacionais existentes para resolver esta crise do lixo, convocando a comunidade mundial para desenvolver um novo tratado internacional e, ao mesmo tempo, incita ações imediatas para implementar soluções regionais e locais.

“O lixo marinho plástico é uma ameaça ambiental global crescente que impõe grandes custos econômicos à indústria e ao governo”, disse o co-autor do relatório Mark Gold, diretor associado do Instituto de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Institute of the Environment and Sustainability). A poluição marinha por plástico degrada-se lentamente e se espalhou para todos os cantos dos oceanos do mundo, desde ilhas remotas até o fundo do oceano. Meias medidas voluntárias não estão impedindo impactos globais devastadores para a vida marinha, a economia e a saúde pública. Embora não exista qualquer panaceia, identificamos as 10 melhores ações de prevenção da poluição de plástico que podem ser implementadas agora para começar a reduzir drasticamente o lixo marinho plástico”.

Em “Deter a Maré de Lixo Marinho Plástico” (“Stemming the Tide of Plastic Marine Litter“), os autores fazem uma revisão do universo de estudos, políticas e acordos internacionais relevantes para o problema e fornecem um conjunto de recomendações para alcançar reduções significativas no lixo marinho plástico. A lista “Top 10” (as 10 mais) das ações recomendadas no relatório inclui um novo tratado internacional com fortes mecanismos de monitoramento e fiscalização; ações de regulamentação nacionais e locais, como a proibição dos tipos mais comuns e prejudiciais de lixo plástico; programas de responsabilidade estendida ao produtor ; e a criação de um programa de certificação “amigo do oceano” (“ocean friendly“) para produtos plásticos.

“Devido à má gestão global do plástico estar impulsionando o crescente problema do lixo marinho, respostas políticas são necessárias em todos os níveis, desde a comunidade internacional das nações até as comunidades locais e nacionais”, disse a co-autora do relatório, Cara Horowitz, diretora-executiva do Centro Emmett sobre Mudanças Climáticas e Meio Ambiente (Emmett Center on Climate Change and the Environment). “Podemos agir agora para rapidamente aumentar as políticas e programas eficazes para tratar o lixo marinho plástico. E se espera que a colaboração internacional para reduzir o lixo plástico estabeleça uma base para uma cooperação mais ampla sobre outras questões importantes que afetam a saúde dos nossos oceanos”.

O lixo marinho plástico tem suas origens tanto em fontes terrestres como marinhas, desde esgotos não tratados, indústrias e fábricas, até navios e plataformas de petróleo e gás. Empurrado pelo movimento natural de ventos e correntes marinhas – muitas vezes por longas distâncias – o lixo está presente nos oceanos em todo o mundo, bem como nos sedimentos no fundo do mar e nas areias do litoral. Conforme as partículas quebram e se dispersam, elas têm uma grande variedade de consequências adversas ao meio ambiente, à saúde pública e à economia, com potencial para matar a vida selvagem, destruir os recursos naturais e prejudicar a cadeia alimentar.

Os periódicos “Pritzker Environmental Law and Policy Briefs” são publicados pela Faculdade de Direito da UCLA e pelo Centro Emmett sobre Mudanças Climáticas e Meio Ambiente em conjunto com pesquisadores de uma vasta gama de disciplinas acadêmicas e a ampla comunidade do direito ambiental. Eles são possíveis através de uma generosa doação feita por Anthony “Tony” Pritzker, sócio e co-fundador do grupo Pritzker. Os resumos fornecem análises de especialistas para aprofundar o diálogo público sobre as questões que afetam o meio ambiente. Todos os trabalhos da série estão disponíveis aqui.

A Faculdade de Direito da UCLA (UCLA School of Law), fundada em 1949, é a maior dentre as mais recentes faculdades de Direito no país e estabeleceu uma tradição de inovação em sua abordagem de ensino, pesquisa e bolsa de estudos. Com cerca de 100 professores e 1.100 alunos, a escola foi pioneira no ensino clínico, é líder em pesquisa e formação interdisciplinar, e está na vanguarda dos esforços para vincular a pesquisa aos seus efeitos sobre a sociedade e a profissão jurídica.

Turismo: lixo marinho na previsão econômica

Será que o lixo marinho influencia o valor recreativo das nossas praias públicas?

Industrial Economics, Inc. - mapa do projeto

Industrial Economics, Inc. – mapa do projeto

Por Jason Landrum
NOAA’s Marine Debris Blog
1 de novembro de 2013
Traduzido por Natalie Andreoli, Global Garbage Brasil

O lixo marinho é um problema persistente que altera o valor de áreas recreativas, como praias, mas poucos estudos têm tentado estimar estes custos econômicos. Para preencher essa lacuna de conhecimento, o Programa de Lixo Marinho da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration – Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) contratou a empresa Industrial Economics, Inc. para realizar um estudo preliminar para estimar os custos do lixo marinho aos visitantes da praia dentro e ao redor do Condado de Orange, na Califórnia.

Como o lixo marinho pode alterar o valor? Vamos analisar isso por partes:

A recreação em praias é popular nos Estados Unidos, no entanto, a presença de lixo marinho, tal como garrafas de plástico, embalagens de doces, e outros lixos pode fazer com que os visitantes evitem ir à praia.  Assim, o lixo marinho pode revelar-se “caro” para as comunidades costeiras, atraindo menos banhistas a cada ano ou fazendo com que esses banhistas viajem para outras áreas de lazer.

Aqui na NOAA, estamos interessados ​​em estimar como a presença de lixo marinho altera o valor dessas atividades recreativas para você. Experiências de lazer são difíceis de se colocar um preço, mas, se perguntarmos: quanto você estaria disposto a pagar para se aventurar a ir à praia por um fim de semana cheio de diversão no sol e na areia?  É improvável que você tenha pensado ou escrito sobre isso ao longo do tempo!

Instrumentos econômicos podem ser utilizados para estimar o valor de atividades recreativas nas praias.  Economistas estimam esses valores, acompanhando os custos, ou o “preço” que as pessoas pagam para visitar as praias no seu tempo livre. Por exemplo, quanto você gasta de combustível para chegar lá? Havia uma taxa para estacionar? Mensurando o preço que as pessoas pagam para visitar uma determinada praia e contrastando com o preço de todas as outras praias que poderiam ter sido visitadas, ajuda a revelar o quanto uma praia pública vale para os seus visitantes. Além disso, os economistas podem estimar a perda do valor de atividades recreativas devido à presença de lixo marinho. Se a presença de lixo marinho reduz a qualidade de recreação nas praias, banhistas provavelmente vão evitar essas praias e ir para outros locais (ou até mesmo fazer outras atividades recreativas), porque o benefício que recebem é menor do que o preço que teriam que pagar para visitar essas praias.

Para o nosso projeto, a Industrial Economics, Inc. irá entrevistar 4.000 residentes do Condado de Orange sobre suas preferências de viagem e custos, a fim de estimar o quão valiosas são as praias locais para essas comunidades costeiras. Além disso, a Industrial Economics, Inc. irá mensurar o lixo marinho em algumas dessas praias de modo que eles possam estimar diretamente o valor perdido  pela presença deste lixo.

O lixo marinho tem muitos impactos, mas a perda econômica é o que estamos tentando entender melhor. Conhecer  este tipo de informação afeta as comunidades e incentiva o público que vai à praia a fazer  escolhas melhores. A NOAA irá utilizar os resultados do estudo para aperfeiçoar futuras avaliações de custos econômicos do lixo marinho e identificar as áreas prioritárias onde são necessários esforços de prevenção e remoção de lixo. Fique ligado nas atualizações sobre o projeto!

Resíduos em nossos cursos d’água

Revelando os custos ocultos da limpeza do lixo aos californianos

Plastic debris, washed off the city streets of Los Angeles, gathers at the mouth of the Los Angeles River. (Rick Loomis / Los Angeles Times)

Plastic debris, washed off the city streets of Los Angeles, gathers at the mouth of the Los Angeles River. (Rick Loomis / Los Angeles Times)

Leila Monroe
Natural Resources Defense Council
Traduzido por Mariana Coutinho Hennemann, Global Garbage Brasil

Lixo pode ser uma questão pessoal. Para alguns, o choque de ver leões marinhos mastigando sacolas plásticas estimula a se voluntariar para limpezas de praias. Para outros, a importância de manter nossos cursos d’água limpos atinge seus lares quando membros da família ficam doentes após nadarem em uma praia contaminada. Mas para muitos, garrafas de refrigerantes, embalagens de alimentos e bitucas de cigarro são apenas porções de sujeira que atingem as ruas e são levadas pelas águas, esquecidas. Entretanto, esses resíduos não simplesmente desaparecem, e são muito caros para limpar. Como revelado em um novo relatório produzido em nome do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (Natural Resources Defense Council) pela Kier Associados, as cidades, municípios e cidadãos da Califórnia estão arcando com 428 bilhões de dólares por ano em custos para prevenir que o lixo se torne poluição, que prejudica o meio ambiente, o turismo e outras atividades econômicas.

O novo relatório mostra os custos, para 95 comunidades da Califórnia, de atividades para redução do lixo, tais como varredura de ruas, manutenção das redes pluviais e limpezas de praias. O estudo se baseia em dados coletados em dois estudos anteriores da EPA (Environmental Protection Agency – Agência de Proteção Ambiental americana), e sintetiza dados adicionais solicitados de dezenas de cidades da Califórnia. A Kier Associados descobriu que, independente do tamanho, as comunidades californianas estão gastando uma porção significativa de seus orçamentos anuais para combater e limpar o lixo, e evitar que ele acabe nos rios, lagos, canais e mares do estado.

Comunidades da Califórnia que estão lutando para pagar escolas, bombeiros e outros serviços municipais essenciais, também estão sendo sobrecarregadas com os custos de prevenir que o lixo se torne poluição nos preciosos cursos d’água do estado. Para reduzir essa carga financeira, a melhor conduta, em primeiro lugar, é fazer com que os produtos parem de virar lixo, através do aumento das taxas de reciclagem e da redução do uso de itens plásticos descartáveis, como sacolas e copos plásticos, que facilmente “escapam” para o ambiente.

O estado da Califórnia precisa continuar avançando na redução das fontes de origem e na melhoria da reciclagem. Nós precisamos que os fabricantes de embalagens baratas e descartáveis de plástico, que constituem a maior e mais prejudicial quantidade de lixo, assumam sua cota de responsabilidade pela gestão do ciclo de vida de seus produtos. Isso deveria incluir o fornecimento de apoio às comunidades da Califórnia com a implementação de planos de Cargas Máximas Diárias Totais (Total Maximum Daily Load – TMDL) e a implementação de requisitos para licenciamento de Sistemas de Águas Pluviais Municipais Separados (Municipal Separate Storm Sewer System – MS4). As TMDL do condado de Los Angeles, por exemplo, exigem que as cidades do sul da Califórnia que descarregam no rio, reduzam sua contribuição de lixo em 10% por ano, por um período de 10 anos, com um objetivo de lixo zero em 2015.

Isso irá distribuir mais razoavelmente o fardo financeiro e logístico da sempre crescente quantidade de lixo plástico entre governos locais, cidadãos e fabricantes de plásticos. Esse sistema razoável criaria incentivos para produtores desenvolverem produtos e embalagens mais seguros e com menor potencial de desperdício. E o aumento da reciclagem irá criar empregos, ao mesmo tempo em que protege a saúde e a beleza das preciosas áreas costeiras e cursos d’água da Califórnia.

atualizado em 7/10/2013

Análise das águas da Califórnia para lixo e poluição

Plastic debris, washed off the city streets of Los Angeles, gathers at the mouth of the Los Angeles River. (Rick Loomis / Los Angeles Times)

Plastic debris, washed off the city streets of Los Angeles, gathers at the mouth of the Los Angeles River. (Rick Loomis / Los Angeles Times)

Leila Monroe’s Blog
Natural Resources Defense Council
Publicado em 26 de junho de 2013
Traduzido por Natalie Andreoli, Global Garbage Brasil

Eu tenho orgulho de ser californiana e, assim como muitas das 38 milhões de pessoas que chamam este estado de terra natal, o acesso a belas praias e boas ondas é uma das partes mais importantes da minha vida. Eu passo muito do meu tempo livre com a família e amigos dentro e ao redor da água, então, a saúde das nossas praias e oceano – para não mencionar riachos, rios e lagos interiores – é muito importante para mim. O lançamento do nosso relatório anual de qualidade da água das praias, “Testing the Waters” (Análise das Águas), é um dia importante para qualquer um que se sente da mesma maneira. O relatório dá aos frequentadores da praia informações importantes sobre quais praias são seguras para nadar, protegendo-nos da poluição que pode nos fazer, ou fazer milhões de banhistas, ficarem doentes.

O relatório deste ano constatou que, em 2012, 10% de todas as amostras de monitoramento da água da praia reportadas na Califórnia ultrapassaram os padrões bacterianos máximos diários do estado. Contra Costa County apresentou a taxa que mais ultrapassou os padrões máximos diários em 2012 (17%), seguido por San Mateo (16%), Los Angeles (16%), San Francisco (15%), Humboldt (12%), Santa Cruz (11%), Alameda (10%), Orange (9%), Monterey (8%), San Luis Obispo (7%), Santa Barbara (7%), San Diego (4%), Ventura (4% ), Marin (3%), Mendocino (2%) e Sonoma (2%).

O relatório deste ano também inclui informações importantes sobre o lixo como uma fonte de poluição da água. O relatório observa como o lixo e detritos podem afetar intensamente as praias da Califórnia. Os resíduos desordenam a paisagem, e muitos deles acabam nos nossos oceanos, onde eles matam a vida marinha, representam perigos para a navegação e impactam as economias locais e a saúde humana. O lixo marinho inclui uma gama de resíduos sintéticos, mas a grande maioria dele é plástico. O NRDC (Natural Resources Defense Council – Conselho de Defesa de Recursos Naturais) está trabalhando para desenvolver uma legislação de responsabilidade do produtor pela poluição por plástico marinho na Califórnia. Se aprovada, a legislação iria ajudar a reduzir a poluição por plástico na sua origem, por incentivar o design de embalagens com menos plástico ou mais embalagens de plástico reciclável, melhorando a infraestrutura de reciclagem em todo o estado e gerando apoio para as atividades que previnem os resíduos plásticos de poluir os nossos cursos de água, oceanos e praias.

O NRDC também está trabalhando com um número de agências estatais para apoiar o seu trabalho de controle de lixo marinho. O Comitê de Controle de Recursos Hídricos do Estado da Califórnia (California State Water Resources Control Board) está desenvolvendo emendas aos planos de controle de qualidade da água em todo o estado (Trash Amendments – Emendas Sobre Lixo) para reduzir a poluição por lixo nas praias da Califórnia. Atualmente, eles estão se reunindo com as partes interessadas e preparando um projeto de relatório da equipe e um Documento Ambiental Substituto (Substitute Environmental Document – SED) para as Emendas Sobre Lixo. O projeto de relatório e o SED serão lançados para revisão pública e comentários neste verão (Junho à Setembro de 2013). Essa política seria construída com base na experiência com os planos de limpeza de lixo estabelecidos em Los Angeles (Trash TMDLs – Total Maximum Daily Loads – Total de Carga Máxima por Dia de Lixo), e identificaria o lixo como um poluente separado para ser controlado em todo o estado. No seu Plano Estratégico, o Conselho de Proteção dos Oceanos da Califórnia (California Ocean Protection Council – OPC) tem priorizado as atividades para reduzir as fontes de lixo marinho, especialmente resíduos de plástico. O OPC e o Conselho de Água (Water Board) também estão começando a se coordenar com o CalRecycle para aprimorar as atividades de gestão e reciclagem de resíduos, que desempenham um papel importante no controle do lixo marinho.

Para muitas pessoas, a poluição dos oceanos é um problema que abre portas: este foi o problema que me levou a uma carreira como advogada de conservação do oceano do NRDC. Não é difícil sentir-se motivada a fazer algo quando você experiencia leões-marinhos mastigando sacos plásticos; ou quando você transporta quilos de garrafas de plástico, tampas, recipientes e embalagens de alimentos para fora da praia, do seu lago favorito, ou do mar; ou quando você ou sua família ficam doentes por causa do escoamento poluído que contamina sua praia favorita. Felizmente, o relatório Testing the Waters do NRDC continua a informar o público e as comunidades  locais sobre quando evitar as praias poluídas e a agir para manter os nossos cursos de água saudáveis e seguros. Mesmo que você nunca visite o oceano, o lixo e os resíduos em lagos, rios e parques interiores, e até mesmo nas ruas da cidade, são uma praga que custa demais para as comunidades e os contribuintes.

A próxima vez que você estiver preocupado com a sua praia local, lembre-se de que existem grandes recursos disponíveis para ajudá-lo a agir também. E, se você está preocupado com a poluição por plástico no lugar favorito onde você nada ou em qualquer lugar em sua comunidade, curta nossa página no Facebook, siga-nos no Twitter e na nossa página de campanha especial, StopPlasticPollution.org, dedicada à nossa legislação da Califórnia.

Video: Qual é a responsabilidade do produtor pela poluição marinha por plástico?

Comunidades da Califórnia gastam em torno de US$ 500 milhões anualmente para manter o lixo fora dos cursos d’água

Plastic debris, washed off the city streets of Los Angeles, gathers at the mouth of the Los Angeles River. (Rick Loomis / Los Angeles Times)

Plastic debris, washed off the city streets of Los Angeles, gathers at the mouth of the Los Angeles River. (Rick Loomis / Los Angeles Times)

Leila Monroe’s Blog
Natural Resources Defense Council
Postado em 28 de Agosto de 2013
Traduzido por Mariana Coutinho Hennemann, Global Garbage Brasil

Hoje, a equipe de poluição por plástico da NRDC (Natural Resources Defense Council – Conselho de Defesa dos Recursos Naturais) divulgou um novo relatório mostrando que as comunidades da Califórnia estão gastando quase meio bilhão de dólares anualmente para prevenir que o lixo polua as praias, rios e o oceano do estado. Os US$428.000.000 gastos pelas cidades e municípios da Califórnia cobrem os custos de seis atividades relacionadas à redução de resíduos sólidos em cursos d’água: limpezas de rios e praias; varredura de ruas; instalação de equipamentos de captura de águas pluviais; manutenção e limpeza de redes de águas pluviais; limpeza manual de lixo; e educação pública.

O relatório, Resíduos em Nossa Água: O Custo Anual para as Comunidades da Califórnia da Redução do Lixo que Polui Nossos Cursos d’Água (Waste in Our Water: The Annual Cost to California Communities of Reducing Litter That Pollutes Our Waterways), pesquisou 95 comunidades da Califórnia, variando entre populações de apenas 700 até 4 milhões de residentes. A análise descobriu que, independente do tamanho e da distância do oceano, essas comunidades estão pagando coletivamente um alto valor para limpar o lixo e prevenir que ele chegue aos cursos d’água. Em uma época em que as cidades californianas estão sofrendo com orçamentos apertados, nosso relatório mostra o fardo econômico que esses resíduos criam para governos locais e contribuintes, e faz com que os argumentos para ações imediatas por medidas que reduzam essa poluição sejam convincentes. A seguir, são apresentados exemplos das 10 comunidades que mais gastam, comparando com para onde esse dinheiro poderia ir:

  • Los Angeles é listada como número um em “Resíduos em Nossas Águas”, gastando US$36,3 milhões por ano para manter os resíduos fora das águas. Compare isso ao déficit de US$216 milhões no orçamento enfrentado pela cidade, ou os US$9,58 milhões no orçamento do prefeito para 2013-2014 para manter o número de oficiais de polícia nos níveis atuais.
  • San Diego é listada como número dois, gastando US$14,1 milhões para manter os resíduos fora das águas, enquanto este ano, um déficit de US$20 milhões no orçamento foi preenchido por planos de recisão para expandir serviços de polícia e bibliotecários.
  • Em seguida vem Long Beach, que está em terceiro lugar, gastando US$12,9 milhões/ano, San Jose é listada em quarto lugar, com gastos anuais totalizando US$8,8 milhões, enquanto a cidade está sofrendo um déficit projetado de US$22,5 milhões no orçamento em 2013-14.
  • Oakland é listada em quinto, gastando US$8,3 milhões, em um momento em que o déficit estrutural da cidade é estimado em US$155 milhões.
Mapa das cidades e municípios da Califórnia pesquisados no relatório produzido pela NRDC

Mapa das cidades e municípios da Califórnia pesquisados no relatório produzido pela NRDC

Infelizmente, esses custos são necessários para prevenir que os resíduos poluam rios, lagos, praias e, por fim, o oceano. A limpeza também é necessária para prevenir danos e prejuízos a atividades econômicas – especialmente o turismo – que são dependentes dos ambientes limpos da Califórnia. Os custos computados no relatório também não incluem as despesas dos condados ou do estado nessas mesmas atividades, nem os custos de gestão e reciclagem de resíduos.

Como parte do lançamento do relatório, nós também criamos um mapa online das cidades que foram pesquisadas, facilitando para os usuários encontrarem informações relevantes sobre sua comunidade. Esse mapa e o relatório estão disponíveis no recém lançado web site StopPlasticPollution.org, que é uma nova plataforma para desenvolver auxílios para soluções que irão ajudar a acabar com a poluição de nossas comunidades por resíduos, antes que eles cheguem às ruas de nossas cidades.

Soluções

De acordo com décadas de pesquisas costeiras, embalagens plásticas baratas e descartáveis constituem a maior e mais perigosa quantidade de lixo encontrada no meio ambiente. Nós descartamos muito mais plástico do que reciclamos ou reutilizamos. Muitos plásticos são jogados na rua ou escapam de lixeiras e chegam aos nossos espaços públicos, rios, lagos, praias e, por fim, ao oceano. Esses resíduos plásticos geram custos aos governos e comerciantes locais, geram perigos à navegação, matam aves, tartarugas, golfinhos e outros animais marinhos, e podem até mesmo ameaçar a saúde humana. A durabilidade, leveza e baixo custo do plástico fazem com que ele seja um material útil para diversas aplicações em longo-prazo. Mas ao se levar em consideração os custos ambientais e econômicos de se utilizar um material altamente resistente para um item descartável de uso único, fica bastante claro que, na maioria dos casos, os custos ultrapassam os benefícios.

A Califórnia precisa de um programa para distribuir corretamente o fardo dessa quantidade sempre crescente de lixo plástico entre governos locais, contribuintes e fabricantes de plásticos. Isso significa parar o problema em sua fonte, através da redução da quantidade de resíduos produzidos, enquanto se expandem programas que estão funcionando, tais como reciclagem e instalação e manutenção de equipamentos de captura em redes de drenagem pluviais.

O NRDC e uma crescente coalizão de grupos de gestão de resíduos, comunidades, ambientalistas e empresários apóiam medidas que iriam tratar dos diversos diferentes tipos de plásticos de uso único de uma vez só, através da criação de incentivos para as indústrias utilizarem menos embalagens de plástico para seus produtos, para torná-las totalmente recicláveis, e assegurar que a reciclagem realmente aconteça. O aumento da reciclagem também tem demonstrado criar empregos. Um estudo mostra que um objetivo nacional para reciclar 75% dos resíduos da nação pode criar 1,1 milhões de empregos até 2030.

Essas soluções também podem auxiliar o trabalho das comunidades da Califórnia para implementar programas de redução de lixo e resíduos, incluindo tanto planos de Cargas Máximas Diárias Totais (Total Maximum Daily Load – TMDL) e requisitos para licenciamento de Sistemas de Águas Pluviais Municipais Separados. As TMDL do condado de Los Angeles, por exemplo, exigem que as cidades do sul da Califórnia que descarregam no rio, reduzam sua contribuição de lixo em 10% por ano, por um período de 10 anos, com um objetivo de lixo zero em 2015.

Acesse www.stopplasticpollution.org para inscrever sua empresa, agência ou organização no seguinte compromisso:

Nós apoiamos os programas da Califórnia para fazer com que os fabricantes de embalagens plásticas de uso único assumam sua porção de responsabilidade pela poluição por plásticos. Nós convocamos os legisladores da Califórnia a criarem um programa de responsabilidade compartilhada, exigindo que esses produtores ajudem a expandir a reciclagem, a instalação e manutenção de equipamentos de redes de captura de águas pluviais, e a limpeza de nossas ruas, parques, praias e outros espaços públicos. Nós convocamos os fabricantes a inovarem e reduzirem embalagens desnecessárias, aumentarem alternativas de reutilização, e assegurarem que seus produtos sejam totalmente recicláveis e realmente reciclados ao final de sua vida útil.

Arte e foto por Kathryn Hannay: Mapa de Lixo da Califórnia

Arte e foto por Kathryn Hannay: Mapa de Lixo da Califórnia