A Câmara Municipal teve 11 votos a favor e um contra a lei, que entrará em vigor em 2014. Os consumidores poderão levar sacolas reutilizáveis ou pagar $0,10 por sacola de papel.

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Por David Zahniser, Catherine Saillant e Matt Stevens, Los Angeles Times
Atenção consumidores de Los Angeles: as sacolas plásticas estão desaparecendo de mais lugares além dos supermercados.
Los Angeles, na última terça-feira, tornou-se a mais nova e maior cidade a apoiar a proibição de sacolas plásticas de compras, após aprovar uma lei que se aplica não somente a lojas de mantimentos e mercados, mas também a grandes redes de varejo, como Target e Wal-Mart.
A lei, que tem estado em pauta há anos, entrará em vigor gradualmente, alcançando grandes lojas até 1° de Janeiro, e lojas menores até 1° de Julho de 2014. Os consumidores terão que trazer suas próprias sacolas reutilizáveis ou pagar uma taxa de $0,10 por cada sacola de papel utilizada, de acordo com a lei.
Alguns consumidores ficaram surpreendidos na terça-feira com o longo alcance que a lei teria.
“Se eles não me derem uma sacola, o que eu vou fazer?”, disse William Macary, incrédulo, quando entrou no Wal-Mart da Baldwin Hills Crenshaw Plaza. “Se eu dou dinheiro, quero uma sacola”.
Santiago Camacho, dentro de um dos 27 corredores do Wal-Mart, arrepiou-se com a ideia de ter que comprar uma sacola reutilizável quando parar no supermercado após o trabalho. “Não é tão cara, mas após algum tempo, aumenta os gastos”, disse ele.
Saindo de uma loja da Target de dois andares em Eagle Rock com sacolas plásticas nas mãos, Laura Vetter de 48 anos também estava cética. “Eu vou esquecer de trazer minha sacola, e não vou querer pagar, então a Target provavelmente vai perder um pouco do meu interesse”, disse a residente de Highland Park. “Então, eu vou estar colocando ainda mais coisas de volta”.
Outros defenderam a lei, dizendo que há razões ambientais sólidas para deixar de lado as sacolas plásticas.
“É incômodo? Sim. Tenho que sair fazendo… malabarismo com itens soltos? Sim. Mas as pessoas têm bastantes sacolas sobrando”, disse Jennifer Steers, enquanto olhava cortinas de banho na loja da Target com sua filha de 2 anos. “Acho que provavelmente vai ficar tudo bem”.
A votação de 11 contra um dessa terça-feira entregou uma vitória árdua a uma série de grupos ambientalistas, os quais têm ido de cidade em cidade e de país em país, com campanhas para manter sacolas plásticas fora de aterros, cursos d’água e oceanos. Embora os membros da Câmara tenham apoiado o conceito de uma proibição no ano passado, eles votaram na terça-feira uma linguagem legal específica e como ela irá ser aplicada.
Os membros da Câmara disseram que esperam enviar uma mensagem aos legisladores estaduais através da aprovação da lei.
“Chega de esperar que o poder legislativo faça algo sobre isso algum dia”, disse o vereador Paul Krekorian. “Vamos tomar uma iniciativa”.
O Senador estadual Alex Padilla (D-Pacoima), que viu sua própria proposta para proibição de sacolas plásticas ser derrotada no mês passado, disse que a votação de Los Angeles “dá nova vida” para a sua proposta. Em 2014, pelo menos 30% da população da Califórnia estará protegida por leis que regulam o uso de sacolas plásticas e de papel, disse ele.
“A cada mês que passa, há mais uma jurisdição – algumas pequenas, outras grandes – adotando” restrições às sacolas plásticas, disse Padilla. “Evidentemente essa é uma direção para qual o estado quer avançar e está avançando.”
Em Los Angeles, comerciantes que não cumprirem a lei enfrentarão uma multa de $100 após a primeira violação, $200 após a segunda e $500 após a terceira. Multas seriam aplicadas para cada dia que a infração continuar.
Devido ao vereador Bernard C. Parks ter votado contra a medida, uma segunda votação será necessária na próxima semana. Contudo, não é esperado que o resultado mude. Uma assinatura do prefeito – tanto do prefeito em fim de mandato, Antonio Villaraigosa, ou do seu sucessor, Eric Garcetti – também é esperada.
A medida da cidade passou por objeções da “American Progressive Bag Alliance”, um grupo industrial que luta contra a proibição. O presidente do grupo, Mark Daniels, chamou a taxa de $0,10 por sacola, cobrada pelas lojas, de “imposto de embuste”, que beneficia financeiramente os comerciantes, enquanto prejudica os clientes. Ele alertou que um total de 1000 empregos poderiam ser perdidos na área de Los Angeles de fabricantes de sacolas plásticas.
Cathy Browne, diretora geral da fábrica de sacolas Crown Poly em Huntington Park, lançou um alerta semelhante, mas não conseguiu dizer quantos empregos estariam em risco em sua fábrica, como resultado da lei das sacolas de Los Angeles.
Kirsten James, que lida com a política de águas para o grupo de defesa “Heal the Bay”, disse que a lei de Los Angeles não seria mais expansiva do que as adotadas em cidades próximas. Algumas comunidades, incluindo Santa Monica, foram ainda mais longe, disse ela.
Defensores de águas limpas pressionaram por anos pela proibição em Los Angeles, após vitórias nas proximidades em Long Beach, Malibu, Pasadena e outras cidades. O sucesso desses esforços pôde ser visto nessa terça-feira, quando os membros da Câmara mostraram suas próprias histórias sobre o mal causado pelas sacolas plásticas.
Krekorian, que representa o leste do vale “San Fernando”, falou de animais marinhos tão longe quanto o Atol de Midway morrendo de fome após a ingestão de sacolas. O vereador Mitch Englander, cujo distrito fica no oeste do vale, comparou as sacolas com pipas soltas. “Elas acabam em árvores. Elas acabam em ninhos de aves e elas causam prejuízos para a sociedade”, disse ele.
Outros membros da Câmara mostraram confiança de que os consumidores irão se adaptar às novas regras para as sacolas de compras, as quais seriam fiscalizadas nas lojas por inspetores públicos da cidade.
“Nós vamos enviar uma mensagem para o restante do país e, possivelmente, do mundo, de que nós estamos mudando nossos caminhos”, disse o vereador Jose Huizar.
Essa mudança parece já estar acontecendo em Veneza, onde os funcionários nos três caixas abertos em um supermercado Ralphs estavam embalando compras em uma série de sacolas coloridas reutilizáveis. Mary Thomas, uma das clientes do supermercado, disse que têm trazido as sacolas por anos. “Eu não gosto de desperdiçar coisas”, disse ela. “Se eu posso ajudar, não vou levar uma sacola de jeito nenhum”.
catherine.saillant@latimes.com
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18 de Junho de 2013
Los Angeles Times
Traduzido por Mariana Coutinho Hennemann, Global Garbage Brasil
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