Projeto de limpeza de praias é apresentado no Dia do Meio Ambiente na PUC

Movimento Ondas do Peró vai mostrar trabalho que vem fazendo há um ano na Região dos Lagos

© Global Garbage Brasil

Costa do Dendê, Bahia. © Global Garbage Brasil

Paulo Roberto Araújo

RIO – Uma experiência de voluntariado que deu certo será apresentado nesta quarta-feira, dia Mundial do Meio Ambiente, no auditório Padre Anchieta da PUC, que está promovendo a 19ª Semana do Meio Ambiente. O movimento Ondas do Peró, de Cabo Frio, na Região dos Lagos, vai mostrar o trabalho que vem fazendo há um ano para melhorar a limpeza nas praias do Peró e das Conchas, e o Morro do Vigia, no Parque Estadual da Costa do Sol.

Lançado pelo surfista Marcelo Valente, o Ondas do Peró já promoveu três Dias da Limpeza que reuniram centenas de pessoas empenhadas na limpeza da areia das praias, nas dunas e no Morro do Vigia, que fica entre as duas praias. As ações de voluntariado acabaram levando à criação da Brigada Jovem do Peró, integrada por jovens voltados para movimentos de proteção ao meio ambiente.

O movimento ganhou as redes sociais e hoje possui uma média diária de 14 mil acessos na internet, chegando a 25.967 no último dia 29.

— Os frutos das campanhas serão colhidos a longo prazo, mas hoje já é possível ver pessoas caminhando com um saquinho na mão para recolher o lixo que encontra na areia —comemora Valente.

As campanhas de limpeza procuram mostrar aos banhistas os problemas causados pelos detritos que chegam ao mar. A Praia das Conchas e as ilhas próximas são ricas em nudibrânquios, moluscos marinhos que só sobrevivem em águas limpas. Em mergulhos que faz há anos na praia, o biólogo marinho Vinícius Padula descobriu animais marinhos raros na Praia das Conchas e na Ilha dos Papagaios:

— Estes animais só ocorrem ali porque causa do fenômeno da ressurgência. O lixo e o esgoto são os maiores inimigos dos nudibrânquios. Com o crescimento econômico do Brasil, aumentou o volume de lixo nas praias e isso representa um grande risco para a preservação da fauna marinha — alertou.

Durante a apresentação, o empresário Fábio Augusto falará na oficina “Lixo no Lixo”. Ele desenvolveu um projeto que está sendo apresentado a grandes empresas para adoção de um novo conceito de embalagens. O objetivo é reservar um terço do espaço com informações sobre o material da embalagem, descarte correto, reciclagem e o meio ambiente.

— O projeto surgiu num dia de praia no verão ao ano passado. Tinha tanto ao meu lado que me senti num aterro sanitário — disse o empresário, lembrando que a Pepsico já adotou a ideia.

A Semana do Meio Ambiente da PUC vai até sexta-feira. O evento tem como objetivo formular ações relacionadas à agenda ambiental da universidade, através de workshops, exposições e palestras/debates com profissionais das mais diversas áreas, abordando temas que foram discutidos na RIO+20 de forma a dar continuidade aos debates realizados na PUC durante os eventos promovidos pela universidade.

04/06/13
Jornal O Globo

Elevada ingestão de resíduos sólidos por tartarugas-verdes juvenis compromete a saúde desses animais na Região dos Lagos/RJ

Tartaruga-verde juvenil encalhada na Região dos Lagos/RJ.

Tartaruga-verde juvenil encalhada na Região dos Lagos/RJ.

Esse é parte dos resultados alcançados a partir do desenvolvimento da dissertação de mestrado de Danielle Rodrigues Awabdi, aluna vinculada ao Laboratório de Ciências Ambientais e ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UENF, orientado pela Profª. Ana Paula Madeira Di Beneditto.

O estudo revelou que sacos e sacolas plásticas (plásticos flexíveis) apresentaram elevada frequência nos estômagos das tartarugas-verdes (espécie Chelonia mydas). Esses resíduos se originaram a partir do descarte de sacos de lixo, sacos de ráfia, sacolas de estabelecimento comerciais e embalagens diversas. Resíduos relacionados à confecção de artefatos de pesca também foram registrados com frequência, tais como fios de náilon, borracha, cordas, isopor e anzóis.

Resíduos sólidos recuperados no conteúdo estomacal de um espécime de tartaruga-verde na Região dos Lagos/RJ: A: plásticos flexíveis coloridos e brancos; B: plásticos flexíveis transparentes; C: fios de náilon e D: plásticos rígidos.

Resíduos sólidos recuperados no conteúdo estomacal de um espécime de tartaruga-verde na Região dos Lagos/RJ: A: plásticos flexíveis coloridos e brancos; B: plásticos flexíveis transparentes; C: fios de náilon e D: plásticos rígidos.

A ingestão dos resíduos sólidos deve ocorrer de modo acidental, durante a atividade alimentar das tartarugas. Os juvenis dessa espécie são preferencialmente herbívoros, e parte dos resíduos pode se prender as algas que fazem parte da sua dieta. Uma vez no trato digestivo dos animais, os resíduos podem formar massas de material fecal endurecido (fecalomas), podem provocar falsa sensação de saciedade e reduzir a frequência alimentar e podem afetar a flutuabilidade dos animais devido aos gases gerados pelo seu acúmulo.

Há necessidade de ações efetivas em relação à redução da produção e do uso de materiais sólidos descartáveis que são lançados diretamente em áreas costeiras ou que alcançam essas áreas a partir da poluição de rios. A sociedade deve ser orientada quanto à melhor forma de descarte dos resíduos sólidos, com incentivos à coleta seletiva e reciclagem.

30 de janeiro de 2013
Notícias do Laboratório de Ciências Ambientais (CBB – UENF)


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